
A mudança de mentalidade de Ana Alves: “Ninguém escolhe ser obeso”
Foi quando marcou uma consulta de endocrinologia que Ana Alves percebeu finalmente que a obesidade é uma doença que precisa de acompanhamento especializado.
Uma das melhores estratégias para gerir a doença é acompanhar a pessoa com obesidade de forma personalizada ao longo da sua vida, e “este tratamento multidisciplinar não se esgota num plano alimentar único e padrão”, como refere Joana Menezes. Alterar “o estilo de vida para a vida” será uma etapa necessária, “adaptada a cada um, à sua religião, profissão, crença ou estado atual”, explica a especialista.
Mas o que é concretamente este “estilo de vida”? É, na verdade, uma junção de aspetos que se resume a “ser-se saudável e feliz”:
Sobre o plano alimentar, a endocrinologista explica os sinais de alerta e a importância de encarar os alimentos de uma forma diferente. “Quando uma pessoa com obesidade adota um plano de restrição calórica, o organismo responde aumentando a fome, porque quer constância, estabilidade, quer voltar ao que está habituado e, como tal, responde a essa privação, no sentido de se aumentar novamente o aporte calórico.” Esta é, na verdade, uma vantagem evolutiva que permitiu a sobrevivência do Homem.
A relação com a comida deve ser saudável, não uma “fonte de consolo ou um escape”. E acrescenta: “nessas situações, a terapêutica cognitivo-comportamental e o acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico são essenciais.”
Olhar para a obesidade como doença que se gere a vários níveis é fundamental para o sucesso da sua gestão. “Existem atualmente vários tratamentos que podemos (e devemos) oferecer aos nossos doentes. Não nos esqueçamos que, além de uma doença, a obesidade condiciona muitas outras doenças e piora o prognóstico de outras, sendo responsável pelo aumento de morbilidade e mortalidade”.
Numa consulta com um paciente que vive com obesidade, mas procurou o médico por outro motivo, é muito importante a abordagem que se faz do tema a essa pessoa: não estigmatizar ou afastar o paciente é crucial para que se crie, à partida, uma boa relação médico-paciente, que surta os efeitos pretendidos.
A endocrinologista explica que, para estes casos, está preconizada a abordagem dos 5A’s: ask (perguntar), assess (avaliar), advise (aconselhar), agree (chegar a acordo e apoiar), assist (acompanhar):
O foco na pessoa através do diálogo e de uma abordagem
personalizada, que a fará sentir-se envolvida e lhe dará autonomia e
independência, pode trazer “resultados muito melhores e mais
gratificantes”. “Estamos a dar autonomia e independência ao nosso
paciente, na gestão de uma doença crónica, sobre a qual não tem culpa,
mas sobre a qual pode tomar decisões mais conscientes, informadas e
estruturadas”, esclarece Joana Menezes.
E porque “uma dupla médico-paciente bem articulada e funcional
resultará muito melhor e responderá às necessidades que forem surgindo
ao longo do tempo”, o apoio deve ser esclarecedor e realista,
antecipando obstáculos que possam surgir, evitando situações de ioiô,
“tão frequentes e traumatizantes para os doentes”.
Sabendo o que é a obesidade, conhecendo os possíveis entraves à gestão do peso e as suas causas multifatoriais, é importante colocar os olhos num só objetivo: “ser-se saudável, atingir um peso adaptado a cada um (o seu melhor peso) e mantê-lo”. “Façamos o nosso melhor pelos nossos doentes, como mandam as leges artis – vamos ganhar anos de vida e anos de vida com qualidade, acima de tudo.”, conclui a endocrinologista.
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