Quando, há quatro anos, atingiu 112 quilos, Vasco Matos sentiu que o
seu peso estava a afetar demasiado a sua vida. Percebeu então que era
urgente mudar a sua relação com a comida para ser mais saudável e
feliz. Teve a coragem de procurar ajuda médica para fazer esta mudança
e, desde então, sente que retomou o controlo. Leia aqui o testemunho
do Vasco, na primeira pessoa.
Sempre fui uma pessoa estruturalmente forte, até porque, desde cedo,
a minha mãe achava que se eu não comesse ficava um “trinca-espinhas”.
Não há dúvida que gosto de comer. Fui habituado a comer bem e a
apreciar a “boa comida”. Durante largos anos, fui tendo uma vida muito
intensa e ativa, tendo chegado a ser atleta federado. No entanto, à
medida que a idade avançava, a atividade física diminuiu, o
stress aumentou, mas a vontade de comer manteve-se. Na
realidade, fui-me apercebendo que mantinha inalterável o hábito de
consumir muitas calorias e não fazia nada para as gastar. Nos últimos
anos, a minha vida passou a ser mais sedentária, menos ativa e muito
mais stressante. Quando chegava a casa, a primeira coisa que
tinha em mente era comer. O descontrolo foi grande e difícil de
contrariar. Digamos que era na comida que encontrava o meu “escape”.
A partir de 2016, comecei mesmo a engordar muito e cheguei a pesar
112 quilos, com tendência a subir. Não me sentia bem comigo próprio,
mas o “escape” continuava a ser o “prazer da comida”. Comecei a
receber críticas, especialmente da minha esposa. O corpo dava cada vez
mais sinal de que a situação não era boa: imperava o cansaço fácil, as
dores nas articulações e nem a noite era de descanso. Não foi um
período fácil e senti que precisava de ajuda.
A partir desse momento, e com acompanhamento médico, consegui
inverter o caminho em que me encontrava. Tive uma sorte imensa em
poder contar com a excelente equipa médica multidisciplinar que me
acompanha. Estabeleceram-se várias metas credíveis ao longo do tempo e
isso fez-me sentir que “era capaz de lá chegar”. Claro que também é
preciso uma grande dose de força de vontade e acreditarmos em nós.
Não há dúvida que um dos obstáculos a ultrapassar é a nossa mente. O
principal é ter a cabeça “limpa” e ter foco. Sempre focado nos
objetivos traçados com a equipa médica. Dessa forma, tenho
inclusivamente conseguido controlar melhor o stress e a
ansiedade que, de alguma forma, também me acompanhavam e
transtornavam. Hoje consigo controlar-me de uma maneira completamente
diferente e vejo a comida com outros olhos. Voltei a correr… As coisas
entraram noutro ritmo. É outra forma de estar na vida. E sempre posso
fazer uma “asneira” de vez em quando.
Consegui encontrar um agradável equilíbrio. Efetivamente, devemos
encarar as coisas de uma forma controlada e focada. Não procurar
apenas satisfação através da comida. Devemos procurar satisfação e
felicidade noutras coisas, como conversar e sair com a família, ouvir
música, ler e mesmo ver televisão, mas, atenção, sem
"acompanhamentos". Manter uma vida ativa, não ser
sedentário, fazer exercício, também é uma ajuda no tratamento da
obesidade. Nem que seja uma simples caminhada diária.
Temos de saber que somos nós que estamos no controlo e não o
contrário. Desta forma, posso afirmar que me sinto muito mais feliz e
livre para apreciar as “coisas boas” da vida.