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Viver com Obesidade

Ano novo, vida nova: os segredos da Tia Cátia para uma alimentação equilibrada e feliz

Tão importante quanto usar especiarias ou aprender a substituir ingredientes para compor refeições saborosas e saudáveis, é saber apreciá-las. É essencial afastar a culpa quando se cometem excessos alimentares, abraçar o momento de partilha à volta da mesa e permitir-se estar alegre: estas atitudes também ajudam na missão de ter uma alimentação equilibrada pela vida fora. Neste artigo, Cátia Goarmon, ou Tia Cátia, nome pelo qual é conhecida nos programas de culinária, partilha segredos e estratégias para que o seu próximo ano não seja apenas saudável, mas também (ainda) mais feliz.

 

3 min. leitura
Tia Cátia

Uma alimentação equilibrada todo o ano

O início do ano é sempre o momento em que decidimos “arrumar a casa”. Altura em que arrumamos literalmente a casa, mas também a cabeça, o que para mim é fundamental. O facto de nos últimos dias do ano as pessoas tenderem a comer de forma exagerada, até porque tudo à nossa volta o incentiva, pode levar à necessidade de se fazer uma espécie de detox. Aqui é essencial definir metas: decidir que a partir de 3 de janeiro, por exemplo, vamos ter uma alimentação mais saudável e, para isso, é preciso “limpar o frigorífico”. Mais do que seguir uma dieta muito restritiva a partir de janeiro — o que só funcionará durante algumas semanas — o importante é seguir uma alimentação equilibrada e sustentável durante todo o ano.

Sou apologista de que deve haver um dia por semana para fazer uma “folga” de todo e qualquer regime. Ter uma alimentação regrada durante seis dias e, no sétimo, comer o que nos apetece. Estar à mesa, beber um vinho, libertar-nos da culpa. Considero isso fundamental. Sabermos que estamos a fazer uma asneira, mas que nos vai saber muito bem — vai saber bem à alma.

No Natal acontece o mesmo. Não são aqueles cinco dias que farão uma diferença enorme. São os outros 360. É uma questão de gestão das emoções. Nesses dias é importante alimentarmos a alma. Até porque se a pessoa se sentir culpada por comer pode ficar deprimida. Se ficar deprimida vai querer comer para compensar e pode aumentar de peso, acabando por se sentir mais infeliz. É um círculo vicioso. É preciso fazer um compromisso connosco: se nos libertarmos da culpa, depois das festas podemos estar mais felizes e com maior capacidade para, a partir de janeiro, abraçar outra etapa da vida e adotar hábitos mais sustentáveis, ou seja, uma alimentação mais equilibrada.

 

Alimentação equilibrada é para a vida

Nunca me achei magra, mas agora olho para trás e percebo que era magra e não sabia. Sempre tive “peso”… mas enquanto as minhas amigas tinham 50 quilos, eu pesava cerca de 68 quilos. Na altura, o que eu via nos olhos dos outros, da sociedade, era uma acusação.  Era como se dissessem: “Pesas mais de 50 quilos, és gorda.” Se a pessoa tinha mais curvas ou era mais torneada, também não encaixava. Era o estereótipo. Portanto, sempre tive uma imagem um pouco distorcida.

Fiz várias dietas muito violentas: só comia proteína ou só comia sopa… Na realidade, estas “dietas” não duravam muito – não são sustentáveis – e só acabavam por me fazer mal. Finalmente, percebi que o importante é ter uma alimentação equilibrada que nos acompanhe pela vida toda.

 

Rentabilizar a sopa

Quando era miúda, sempre houve salada e sopa à nossa mesa, mas éramos muitos, e a alimentação era a chamada “comida de tacho”. Na altura, nem era comum fazer-se um bife grelhado. Éramos dez à mesa, quem é que ia cozinhar isso? Hoje as famílias nucleares são muito mais pequenas, pelo que é mais fácil seguir esse tipo de dieta. Na nossa família, no entanto, sempre houve cuidado com a alimentação, até porque o meu pai tinha excesso de peso. A minha mãe estava sempre muito atenta. Começávamos sempre com uma sopa. É fundamental.

Tenho um truque para que a sopa fique saborosa, mais saudável e sirva para saborear noutros momentos:

-   Primeiro coloco num tacho o alho francês, a cebola, um talo de aipo e ligo o lume;

-   Junto abóbora, nabo, chuchu ou curgete, acrescento sal e tapo o tacho;

-   Quando os legumes estão todos cozidos junto uma boa quantidade de água a ferver;

-   Depois de levantar fervura, deixo mais 15 minutos… e está feito!

Antes de triturar a sopa retiro algumas conchas de água e guardo-as num frasco. Este caldo serve para fazer arroz, que fica muito mais saboroso do que apenas com água. Serve também para beber quando nos apetece, por exemplo, algo salgado: basta retirar do frigorífico, colocá-lo numa caneca e aquecer no micro-ondas. Já quando a sopa está triturada e pronta, divido-a em duas partes: numa posso juntar um pouco de manjericão e quatro ou cinco tomates secos; na outra, posso acrescentar espinafres. Assim, com a mesma base temos duas sopas diferentes.

 

Ter legumes assados sempre à mão

Tenho uma alimentação muito cuidada. Por exemplo, não faço fritos. Também não temos bolachas ou cereais em casa, para evitar comer este tipo de alimentos de forma regular.

Por outro lado, um hábito que tenho é o de preparar legumes assados para ficarem no frigorífico. Uso muito o forno porque permite que o sabor dos alimentos fique mais intenso. Se tiver mais sabor, sacia mais. Não se fica com a sensação de estar a comer só por comer. Faço muito isto: coloco papel vegetal sobre o tabuleiro do forno e, depois, vou fazendo filas de legumes — uma de pimentos, outra de cebola, beringela, cenoura, abóbora… Tempero com ervas aromáticas e um pouco de azeite. Uso azeite em spray porque ao pulverizar, permite-nos usar uma menor quantidade de gordura.

Quando os legumes estão assados, separo-os em caixas: numa guardo a cebola e a cenoura, noutra a beringela, etc. No dia a dia uso-os em vários pratos. Por exemplo, para fazer uma quiche basta juntar seis ovos aos legumes guardados, acrescentar atum escorrido ou frango desfiado, colocar num pirex e levar ao forno. Fica ótimo. 

 

Arrisque nas especiarias

Quando se cozinha, o ideal é usar muitas especiarias porque vão tornar o prato mais saboroso. Cominhos, curcuma, orégãos.... Podemos abusar das especiarias e das ervas aromáticas.  Nas saladas, por exemplo, fazem a diferença.

Tenho sempre no frigorífico, por exemplo, frango temperado com orégãos, outras especiarias ou limão. Em qualquer momento, posso levar o frango temperado ao forno e, numa refeição, sirvo-o com os legumes que tenho guardados e arroz (tenho sempre arroz preparado); noutra refeição desfio-o e salteio-o com arroz, misturo ovo mexido e faço um Arroz Primavera. O meu conselho é utilizar sempre frigideiras antiaderentes porque nos permitem usar menos gordura.

Outro dos ingredientes a que mais recorro é ao alho em pó. O alho fresco é fantástico, mas pode não ser prático. Também adoro paprica fumada que, por ser feita em fumeiro, tem um sabor que lembra o chouriço.

 

Substitua as natas e a maionese por alternativas criativas

Agora, imagine-se que compramos camarões para uma entrada. Em vez de usar maionese, junto abacate com iogurte magro, acrescento concentrado de tomate, sal, pimenta e um dente de alho. Ainda posso juntar uma colher pequena de mostarda ou de paprica fumada. Tritura-se tudo. Fica a melhor “maionese” de sempre.

No caso de um bacalhau com natas é possível fazê-lo sem natas, substituindo-as por uma espécie de bechamel light feito de bebida de amêndoa com amido de milho, como se fosse Maizena. Depois cozinha-se o bacalhau com muita cebola, legumes, muitos coentros e, no fim, coloca-se por cima um pouco de broa. 

 

Dê uma vida nova às bananas maduras

No caso das sobremesas, um bom hábito é congelar bananas. Sabemos que, quando começam a ficar maduras, já ninguém as quer comer. Assim, para não as deitar fora, junto às bananas congeladas outra fruta também congelada (morangos, frutos silvestres), junto-lhes iogurte natural e ponho tudo num processador. Acreditem: fica um gelado ‘fora de série‘.

 

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