Rui Marques e o seu papel enquanto pai: “Quero ser um exemplo para os
meus filhos”
Foi quando nasceu o seu primeiro filho que Rui Marques, de 36 anos,
percebeu que tinha de mudar. Tinha cerca de 120 quilos e sentia que
corria todos os dias com 6 garrafões de água nas mãos. Defende que os
pais têm de ter um papel forte na criação de hábitos saudáveis dos
seus filhos e que devem também dar o exemplo. Foi a pensar nisto que
criou o projeto “A Pitada do Pai” em 2016, tendo como objetivo
transformar pais em heróis saudáveis para os mais novos.
“Sejamos maus, mais ou menos, ou extraordinários, a verdade é que
somos sempre o exemplo dos nossos filhos.”
-Rui Marques
A falta de informação: Saber quando comer e o que comer
Sempre tive excesso de peso. Nasci com quase 5 quilos e tive sempre
tendência para engordar. Além disso, sempre comi muito e cresci nos
anos 90, altura em que a moda era comer cereais e pães com chocolate,
não havendo muita informação disponível sobre o valor nutricional dos alimentos.
Olhando para trás, vejo que a minha família e eu cometemos vários
erros ao longo da vida. Posso dizer que tenho um metabolismo mais
lento e que a influência genética contribui bastante para o excesso de
peso, mas houve também algumas escolhas inconscientes dos meus pais.
Claro que os pais querem sempre o melhor para os filhos mas, naquela
altura e com a informação que tinham, foi o melhor que conseguiram fazer.
Gostava de ajudar a minha mãe a fazer bolos, petiscos e gostava de
ir a determinados sítios com os meus avós porque sabia que lá haveria
pratos que apreciava. Gostava e gosto de comer e cada vez mais gosto
de o fazer, mas agora escolho os momentos certos. É esse o segredo,
saber quando comer e o que comer.
Quando somos miúdos podemos comer quase tudo porque o gasto calórico
é grande. Sempre fiz atividade física regular. Joguei andebol desde os
7 anos e só parei com cerca de 30. Por isso, nunca engordei muito,
apesar de sempre ter tido excesso de peso.
Ainda assim, não tinha complexos. Era um dos melhores alunos da
turma e bem-sucedido no desporto, o que me dava confiança, apesar da
minha fisionomia. Recordo-me de ter a alcunha de “bolinha” na escola e
no andebol, mas isso nunca me afetou.
Foi quando parei de jogar, 24 anos depois, que comecei realmente a
engordar. Comecei a comer mais do que aquilo que gastava, o que se
refletiu no peso.
A vontade de mudar
Foi quando o meu primeiro filho nasceu que atingi o meu peso máximo,
cerca de 120 quilos. Foram umas semanas de descontração em que
relaxamos um pouco porque receber um recém nascido em casa é um feito
para o casal e para a família.
Mas a certa altura olhei para mim e a pensei que precisava de mudar.
Não me custava andar, mas tinha dores nas costas e pernas. Aproveitei
a recuperação pós-parto da minha mulher e decidi agir. Juntos
começámos a ter uma alimentação mais saudável e, naquelas semanas,
senti uma diferença impressionante de volume no corpo. Dormia melhor,
estava mais calmo e queria continuar assim. Decidi começar a treinar e
consegui perder 15 quilos num ano.
Foi também nessa altura, em 2016, que lancei o blog “A Pitada do
Pai”, já o meu filho tinha mais ou menos seis meses. O projeto nasceu
precisamente da vontade de dar o exemplo e uma alimentação mais
saudável ao meu filho. Senti que a minha vida tinha de mudar e tinha
de fazer alguma coisa relacionada com a alimentação.
Quando cheguei aos cerca de 104 quilos comecei a treinar com um
personal trainer e a ser seguido pela nutricionista Lillian
Barros, o que me ajudou a chegar aos 88 quilos. Treinava a um ritmo
bastante elevado e reeduquei completamente os meus hábitos alimentares.
Em 2018, chegámos a um acordo para um programa de culinária com o
nome do blogue (no canal My Cuisine) e decidi que queria aparecer em
televisão ainda melhor, tendo chegado aos 82 quilos. Passava muitas
horas em pé, treinava e sentia-me bem física e psicologicamente
Antes, era como andar sempre a correr com seis garrafões de água nas
mãos. Parece que não é muito, mas faz muita diferença. Mesmo
relativamente ao meu filho, passou a ser mais fácil pegar-lhe e
brincar com ele.
Hoje peso 95 quilos, mas olho para mim e quero melhorar.
Aquilo que sabemos influencia o resultado
Ao longo deste processo, a ajuda especializada foi crucial. Aquilo
que nós sabemos influencia o resultado e poder ter um acompanhamento
personalizado e adaptado às nossas necessidades é uma mais-valia.
Cada organismo é diferente, tanto em termos físicos como
psicológicos. Os programas alimentares e de exercício têm de ser
pensados para nós. Um exemplo prático, no meu caso tenho mais
limitações na parte lombar e não posso fazer determinados exercícios.
Com a alimentação acontece o mesmo, é preciso personalizar.
Relativamente à parte psicológica nunca necessitei de
acompanhamento, porque o excesso de peso nunca afetou a minha
autoestima e consegui reagir a tempo, mas a verdade é que a cabeça
manda em tudo. Se não tivermos foco e não nos mentalizarmos de que
temos de mudar não vamos ter sucesso.
A força dos bons exemplos
Sejamos maus, mais ou menos, ou extraordinários, a verdade é que
somos sempre o exemplo dos nossos filhos. Eles olham para nós e
abraçam-nos sempre como se fôssemos heróis e eu quero que eles vejam o
exemplo disso mesmo. Quero ser um exemplo para os meus filhos e não
quero que desejem pesar o mesmo que o pai, porque eles querem
imitar-nos em tudo.
O meu filho mais velho tem quase 6 anos e já começa a ter alguma
consciência relativamente à alimentação. Já questiona o porquê de
comermos certas comidas sem carne, por exemplo, e é esta
consciencialização que é muito difícil, mas importante. Enquanto pais,
devemos mostrar-lhes que alimentos são bons.
Se perguntarmos às famílias portuguesas se oferecem sempre legumes
ou sopa às crianças durante a refeição o resultado não deve ser muito
positivo. Muitas vezes isto acontece porque o pai não gosta de
vegetais ou sopa e prefere comer arroz e massa.
O primeiro passo é mesmo dar o exemplo. Não posso querer que o meu
filho coma brócolos se eu estou sempre a comer batatas fritas.
Enquanto pais, não podemos desvalorizar a nossa saúde. Podemos e
devemos comer de tudo (ou quase tudo), mas temos de encontrar o equilíbrio.
Além disso, vivemos num país que é riquíssimo do ponto de vista
alimentar. Temos sabores de todos os tipos e para todos os gostos, mas
muitas vezes repete-se a mesma comida a todas as refeições ou opta-se
pelo mais fácil, como os alimentos fritos.
Os meus filhos sabem que fora de casa podemos prevaricar, mas que em
casa há sempre sopa, legumes, proteína e lanches saudáveis. Em casa,
evitamos ter alimentos processados e pouco saudáveis, porque construir
bons hábitos alimentares é como construir um castelo de cartas, basta
um pequeno erro e facilmente este poderá desabar. É isso que queremos evitar.
Existem muitos truques para tornar a nossa alimentação mais
saudável. Podemos procurar formas de substituir o açúcar, com a
utilização de frutas para adoçar, e procurar fazer lanches mais
variados e saudáveis. É mais fácil abrir o frigorífico e tirar um
alimento que só precise de ir ao forno para estar pronto, mas devemos
investir na alimentação dos nossos filhos - não é perder tempo, é
investir na sua saúde!
Até porque o paladar educa-se. Os meus filhos levam o lanche de casa
para evitar que ingiram tanto açúcar. Quando não há este cuidado, as
crianças acabam por não querer comer outros alimentos porque não são
tão doces como aqueles aos quais estão habituados. Isto porque se o
nosso paladar se habitua desde cedo ao sabor do açúcar, é difícil
voltar atrás. É importante definir uma linha orientadora e esse é o
nosso papel enquanto pais.
O importante é mesmo lançar as sementes e deixá-las crescer.
Enquanto estiverem cá em casa, os meus filhos comem bem e de tudo.
Daqui a uns anos, serão eles a ter essa preocupação.
O papel das escolas
Lembro-me de estar num restaurante com o meu filho e de uma pessoa
dizer que nunca tinha visto uma criança comer tantos brócolos. Mas
isto não deveria ser estranho. O assustador é ver aquilo que é servido
nos restaurantes, como uma salada com tomate e alface que custa 8
euros. A nossa cultura e a nossa tradição gastronómica são muito mais
do que isto! Vivemos num país em que os legumes, a carne, o peixe e a
fruta são provavelmente dos melhores do mundo… mas comemos sempre as
mesmas coisas.
É urgente desfazer a ideia de que a comida saudável não sabe bem. É
esta a missão d’ “A Pitada do Pai”: conseguir descomplicar a
alimentação e ajudar as pessoas.
É aqui que entra, também, o papel das escolas. Tem vindo a ser feito
algum trabalho de sensibilização e do controlo daquilo que é oferecido
nas escolas como, por exemplo, a proibição de determinados alimentos
nos bares. No entanto, a comunicação desta decisão pode não ter sido
feita da melhor maneira. Talvez fosse menos chocante dizer que as
escolas vão passar a vender alimentos mais saudáveis ao invés de dizer
que determinados alimentos vão passar a ser proibidos.
Há um trabalho enorme a ser feito na sociedade que deve começar na
sensibilização. A ideia de que se está a proibir pizzas e cachorros
nos bares, mas que depois as refeições das cantinas não têm qualidade
são dois pontos que não devem ser misturados. Não podemos estar a
misturar ou a tapar um erro com outro erro. É importante perceber que
cada ponto tem de ser gerido da forma correta.
Por outro lado, não existem verdades absolutas e ninguém é perfeito.
O importante é o equilíbrio e isto deve fazer parte da educação,
inclusive nas escolas, onde poderia ser incluída uma disciplina de
educação alimentar. É uma luta muito grande, mas precisamos de educar
as crianças e os adultos: mostrar que temos alimentos muito bons ao
nosso dispor e que é tudo uma questão de escolha.
O “clique” de Miguel Paiva: “Tinha que fazer alguma coisa por mim”
Incentivado pelo objetivo de estar presente para acompanhar o
crescimento do seu filho de 9 anos, contactou a APOBARI, marcou uma
consulta e foi submetido a uma cirurgia bem sucedida. Desta vez, tinha
mesmo de mudar de vida e vencer a obesidade.
A importância do acompanhamento multidisciplinar para Clarisse Pires
Foi em 2005 que Clarisse Pires, de 59 anos, decidiu que precisava de
mudar a sua vida. Depois de inúmeras dietas e três cirurgias, Clarisse
mudou não só o rumo da sua vida, como também o da vida dos seus dois
filhos. Atualmente, é vice-presidente da ADEXO - Associação de Doentes
Obesos e Ex-obesos de Portugal, da qual faz parte desde 2006 e graças à
qual descobriu a possibilidade de fazer uma cirurgia para ajudar a
tratar a sua doença.
A mudança de mentalidade de Ana Alves: “Ninguém escolhe ser obeso”
Foi quando marcou uma consulta de endocrinologia que Ana Alves percebeu
finalmente que a obesidade é uma doença que precisa de acompanhamento especializado.
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