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O que eles não sabem: Testemunhos

Conheça outros testemunhos que dão voz a como é viver com excesso de peso ou obesidade.

O que eles não sabem

"(...) a empresa não está preparada para receber alguém com obesidade."

- Cheila     

Cheila, 41 anos, Sintra

Existem pessoas que não são selecionadas para alguns cargos quando procuram emprego porque a empresa não está preparada para receber alguém com obesidade. Não existem fardas disponíveis e nem se dão ao trabalho de disponibilizá-las.

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O que eles não sabem

"O peso pode advir de problemas de saúde, descontrolo hormonal, etc"

- Sofia

Sofia, 33 anos, Santo Tirso

Não importa a altura, o peso ou a idade, as pessoas são mais que isso. O peso, principalmente, é muito fácil de criticar, sem sequer se pensar que os comentários podem ferir. O peso pode advir de problemas de saúde, descontrolo hormonal, transtorno alimentar, etc.

O olhar e os comentários podem afetar mais ainda do que o próprio peso.

Neste momento não tenho qualquer problema em assumir ou falar sobre obesidade, mas já o tive. Já me afetou muito. Só me resta apoiar todas as pessoas que estão no processo de aceitação de uma realidade que as poderá seguir toda a vida. Principalmente se estiver relacionada com outros problemas de saúde.

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O que eles não sabem

"Quando almoçava fora, procurava muitas vezes a mesa do fundo para que
os olhares não me seguissem." 

- Sérgio

Sérgio, 55 anos, Aveiro

Ser forte, ser gordo. Esse estigma seguiu-me quase sempre, ainda que me achasse “normal”. 

Quando almoçava fora, procurava muitas vezes a mesa do fundo para que os olhares não me seguissem. Deixei de comprar roupa ao meu gosto, de ter prazer em passear... tanta coisa de que eu gostava e que pouco a pouco foram esquecidas para que conseguisse passar sem ser observado!

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O que eles não sabem

"O excesso de peso não é só o “comer muito” ou “comer mal”."

 - Cláudia

Cláudia, 36 anos, Cascais

O excesso de peso não é só o "comer muito" ou "comer mal". Pode estar relacionado com problemas hormonais, genéticos ou falta de autoestima.

No meu caso, está associado a uma vida agitada, cheia de stress e muitas vezes sem horários.

Uma vida a tentar perder peso sem sucesso e a esconder as "maleitas" através da roupa. Tudo para tentar combater problemas de saúde, mas também uma sociedade que quer a mulher perfeita e nas medidas  certas. Vai-se lá saber porquê.

E que tal deixarmos de ver as pessoas pelas suas medidas e conhecer o seu interior?

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O que eles não sabem

"Acima de tudo é importante sentirmo-nos bem, mas quando isso não acontece, podemos tentar mudar..."

- Diana

Diana, 32 anos, Porto

Viver em paz com o meu corpo nunca foi uma tarefa fácil. 

As oscilações de peso, lidar com as partes do corpo de que não gosto tanto e que impactaram a minha autoestima. Aceitar-me como sou, foi e  continua a ser um processo. Os meus braços continuam a ser a parte que menos gosto de mostrar. E a barriga, aquela eterna inimiga que tanto aparece e desaparece, mas nunca estabiliza.

Teremos sempre algo no nosso corpo que nunca vai estar como queremos, mas se nunca fizermos algo para mudar iremos ter sempre algo que nos retrai. Acima de tudo é importante sentirmo-nos bem, mas quando isso  não acontece, podemos tentar mudar, começando por aceitar aquilo que somos.

E tu? O que é que eles ainda não sabem de ti?

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O que eles não sabem

"A obesidade é algo que te “persegue” a vida toda.” 

- Marta

Marta, 40 anos, Almada

Em criança era carinhosamente chamada de "Goda" pelos meus. Sentia que era especial, mas tudo muda, certo?

Quando entras para a escola, por exemplo, passas a ter outras crianças ao teu redor que são diferentes de ti e descobres a "honestidade das crianças"!

- “Olha que gorda”
- “Parece o boneco dos pneus Michelin!”
- “É tão redondinha que faz lembrar uma melancia.”

Foram algumas das frases que comecei a ouvir, com 6 ou 7 anos. Ria-me para não dar parte fraca e compensava o que aquelas palavras me faziam realmente sentir com comida.

Cheguei aos meus 13 anos e pesava 98kg com pouco mais de 1,50 metros.

Com o apoio da minha mãe, que rapidamente percebeu que não estava bem

- física e psicologicamente - passei a ser seguida por uma médica e perdi o excesso de peso. Contudo, “fugia” ao estereótipo das outras miúdas enquanto cresci na adolescência.

Procurei dietas para me enquadrar no que sentia que a sociedade me exigia durante muitos anos. Houve momentos complicados. Sei que se não fossem os meus a cuidar de mim teria sofrido “horrores”.

A obesidade é algo que te “persegue” a vida toda. Mesmo que percas o peso em excesso, há sempre alguém que, ainda que sem maldade, te lembra desses tempos.

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O que eles não sabem

"Muitas vezes achamos que as pessoas são gordas porque querem.” 

- Isabel

Isabel Carvalho, 58 anos, Lisboa

Muitas vezes achamos que as pessoas são gordas porque querem. 

Quantas vezes ouvimos frases como: “Não tens força de vontade”, “És tão bonita, é uma pena seres gordinha”. Muitos desconhecem que obesidade é uma doença, como a hipertensão ou a diabetes.

Ninguém quer ter uma doença, assim como ninguém quer ter obesidade, até porque é muito frustrante não poder acompanhar os amigos e familiares em passeios ou atividades que, por ter obesidade, não consigo fazer. Assim como quando vou comprar roupa, entro num provador com muitas opções e acabo por chegar à conclusão que nada me serve. Ou quando faço um esforço enorme para emagrecer e o resultado não é o esperado.

Tentem ver a pessoa no seu todo e não apenas o exterior. Conheçam o interior das pessoas, ajudem-nas a ser mais felizes.

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O que eles não sabem

"O que eles não sabem é que fico extremamente cansada e com tonturas  quando faço subidas ou subo escadas."

- Ema

Ema Silva, 28 anos, Entroncamento

O que eles não sabem é que eu fico extremamente cansada e com  tonturas quando faço subidas ou subo escadas. Como quando fui ao Gerês e tive de parar várias vezes para descansar e recuperar o fôlego, senão tinha tonturas.

O que eles não sabem é que custa olhar para o espelho e não gostar do  que se vê.

O que eles não sabem é que sonho em ter um corpo que possa usar a  roupa que vejo nos sites e me assente como assenta às "modelos".

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O que eles não sabem

"Toda a vida andei nesta luta, entre o engorda/emagrece"

- Clarisse

Clarisse Santos 63 anos, Lisboa

Sempre tive excesso de peso, apesar de ser uma criança ativa. Passei toda a infância a fazer dietas.

Foi na fase de entrada para a faculdade que tive o primeiro "embate", pois nos exames médicos para o curso superior de enfermagem, disseram-me que não era possível ter um profissional de saúde com excesso de peso - não podia ser uma enfermeira gorda. Fui-me um pouco abaixo. Toda a vida andei nesta luta, entre o engorda/emagrece, embora ainda não tivesse obesidade.

Acabou por correr tudo bem: entrei na faculdade no ano a seguir e acabei por ser enfermeira.

Foi na 2a gravidez que me comecei a debater com a obesidade, devido a uma série de fatores. Andava sempre entre os 70 e os 80 quilos, mas acabei por chegar aos cento e muitos.

Na 3 gravidez não aumentei de peso, fui muito controlada, mas quando acabou a amamentação continuei a aumentar de peso. Quando cheguei aos 136Kg disse "chega!", não vou continuar por aí fora.

Trabalhava nas urgências de pediatria em cuidados intensivos neonatais e pediátricos, em duplo emprego. Implicava um esforço muito grande e embora tivesse muita agilidade, fiquel com muitas sequelas a nível ósseo e nas articulações.

Imaginem este peso em garrafões de água. É tentar imaginar com quantos garrafões de água andava eu às costas a trabalhar.

Exigia tanto esforço, que chegava a casa e não conseguia brincar com os meus filhos, tal era o cansaço.

Agora tenho uma autoestima muito maior do que aquela que tinha quando tinha excesso de peso.

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O que eles não sabem

"Apertar sapatos com atacadores é outra barreira comum para quem vive com obesidade. Não conseguimos chegar aos atacadores e só a tentativa magoa." 

- Carlos

Carlos Oliveira, 68 anos, Lisboa

A obesidade implica muitas mudanças na nossa vida, sobretudo a nível funcional do corpo, pois levantam-se uma série de desafios em fazer coisas aparentemente simples, do quotidiano.

Quando tinha 156 Kg deparei-me, por exemplo, com a questão das cadeiras de plástico nas esplanadas. Não conseguia sentar-me sem as partir.

Outro grande obstáculo foram as refeições nas cadeiras dos aviões, pois as mesas não baixavam, tal era o tamanho do corpo,

Apertar sapatos com atacadores é outra barreira comum para quem vive com obesidade. Não conseguimos chegar aos atacadores e só a tentativa magoa. Recorrer à utilização de atacadores elásticos e calçadeiras passou a ser normal.

Os cintos de segurança são outro desafio. Há muitas pessoas que não conseguem apertar o cinto de segurança do carro ou do avião. Os extensores de cintos de segurança passam a ser um objeto indispensável.

É complicado viver com obesidade. Só quem vive com aquele volume de corpo é que consegue perceber a dificuldade em resolver as questões do quotidiano.

As boas notícias são que a obesidade pode ser controlada. Sabemos que a alteração comportamental é fundamental, e hoje também temos várias formas que nos podem ajudar na perda de peso e no controle do mesmo.

Nota: Carlos Oliveira é presidente da Adexo - Associação de Pessoas com Obesidade. Esta associação apoia e acompanha o trabalho de diversos centros de investigação, como por exemplo, o Centro Rockfeller, o Centro Gulbenkian de Ciência, a Universidade de Oxford, a Universidade de Cambridge e a Universidade de Camberra, que desenvolvem estudos focados na obesidade.

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O que eles não sabem

"Passo horas no parque com o meu filho, e custa-me muito ficar em pé horas a fio." 

- Claúdia

Claúdia, 29 anos, Sintra

Eu tive tendência a ter excesso de peso desde criança, mas na casa dos 20 consegui ultrapassar esta questão e cheguei a perder o peso que tinha a mais.

Quando fui mãe, engordei 49kg, tendo chegado aos 113kg. Alguns já perdi, outros ficaram. Passados dois anos, e sendo mãe a tempo inteiro, passo horas no parque com o meu filho, e custa-me muito ficar em pé horas a fio. Subir e descer o escorrega com ele é um desafio enorme, ou até mesmo ter de andar atrás dele quando anda no triciclo. O cansaço chega em instantes, e fica mesmo difícil de o acompanhar.

Nunca mais usei saltos altos, porque me doem demasiado os pés e as pernas - e confesso que tenho medo de que os saltos não aguentem comigo. Já para não falar na questão da roupa - é um desafio encontrar tamanhos grandes.

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O que eles não sabem

"Por vezes temos de mudar também nós o estilo de vida para ajudar e tentar tornar mais fácil o dia-a-dia de quem está a "lutar" para perder peso." 

- Ana

Ana,27 anos, Odivelas

Falar de obesidade não sofrendo da doença não é propriamente fácil. Apenas posso falar por conviver com pessoas que vivem com obesidade.

Todos os dias são uma batalha e um desafio. Por vezes temos de mudar também nós o estilo de vida para ajudar e tentar tornar mais fácil o dia-a-dia de quem está a "lutar" para perder peso.

Muitos fatores podem levar à obesidade.

Lutar para diminuir a obesidade não é um dever apenas de quem sofre da doença, mas de toda a sociedade. Ajudar quem está próximo de nós, e não só.

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O que eles não sabem

"Saber pedir ajuda é fundamenta!" 

- Ana

Ana, 41 anos, Lisboa

Falar de obesidade e de mim como uma pessoa com a doença, nunca foi fácil. Sempre fui uma pessoa escondida, refugiada em casa, excluída de tudo e de todos. Levei anos até conseguir assumir os altos e baixos. As roupas largas, fugir da praia e até de estar com a minha família e amigos. Comer com a família e os amigos sempre foi o meu verdadeiro "drama".

Sempre tive dificuldade em comer em público, por não saber se estava a controlar-me em demasia, ou até mesmo a descontrolar-me e comer demais.

Ninguém pode compreender, sem sentir na pele, o que significa estar emocionalmente dependente de comida.

Apesar de todas as dificuldades, hoje consigo acreditar mais em mim.

Saber pedir ajuda é fundamental!

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O que eles não sabem

"Querer correr atrás do meu filho de 3 anos, acompanhá-lo no parque infantil e brincar num escorrega ou no baloiço, tornaram-se coisas impossívei." 

- João

João, 53 anos, Coimbra

Uns anos depois de ser pai, senti realmente o que é sofrer com a doença.

Querer correr atrás do meu filho de 3 anos, acompanhá-lo no parque infantil e brincar num escorrega ou no baloiço, tornaram-se coisas impossíveis.

O cansaço era visível em questão de minutos. Mais do que a questão física, emocionalmente afetou-me ver outros pais a brincarem normalmente com os seus filhos e eu, impotente, sem conseguir brincar com o meu.

A minha relação com a comida sempre foi de amor e ódio.

Não é só comer, é não saber parar e estar emocionalmente satisfeito. Sinto que nunca estou satisfeito e não consigo parar.

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O que eles não sabem

"Um lanço de escadas para a minha mãe significa quase um quilómetro." 

- Pedro

Pedro, 31 anos, Faro

Não sofro de obesidade, diretamente. Sempre convivi com a doença da minha mãe.

Acompanhei desde cedo o drama de alguém que tinha muita dificuldade em andar, cuidar dos filhos, fazer coisas tão simples como ir ao supermercado e voltar com as compras. No início, por ser muito jovem, não consegui ajudar nas principais tarefas. Hoje sou cuidador.

Tomo conta da minha mãe por saber que ela não tem condições para tomar conta de si. Não consegue realizar as tarefas simples do dia-a-dia, como por exemplo tomar banho sozinha, ir à farmácia comprar medicação, descer as escadas do prédio sem se cansar de imediato.

Um lanço de escadas para a minha mãe significa quase um quilómetro.

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Nota: Os testemunhos aqui apresentados são reais e representam a opinião e experiência das pessoas identificadas. A Novo Nordisk não influenciou, nem pretendeu influenciar, em momento algum, as opiniões retratadas, não sendo as mesmas representativas de qualquer opinião ou entendimento da própria Novo Nordisk.

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